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Lula: crescimento só volta com democracia e eleição direta

Em encontro da CNM/CUT, ex-presidente defende atuação forte do Estado e o aumento do crédito, ao invés de cortes

Sindicalistas de Pinda conversaram com Lula no encontro da CNM/CUT (foto Divulgação)
Sindicalistas de Pinda conversaram com Lula no encontro da CNM/CUT (foto Divulgação)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nessa terça-feira, dia 24, de um encontro da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT) para discutir os impactos das reformas trabalhista e da Previdência sobre os direitos e conquistas da classe trabalhadora.

Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba também participaram. Luciano da Silva – Tremembé, Herivelto Vela, Sérgio da Silva e Marcelo Bitencourt – Pepeo estiveram lá e conversaram com o ex-presidente.

Para Lula, a economia só voltará a crescer com a recuperação da democracia, o que inclui eleições diretas, e com presença forte do Estado, o que exige credibilidade.

“Credibilidade você só conquista com um governo eleito pelo povo”, disse Lula a uma plateia de sindicalistas, principalmente do setor metalúrgico, para acrescentar que o atual governo “deu o golpe exatamente para fazer o que vocês não querem”. “Ou a gente recupera a democracia, ou a gente volta a eleger um presidente da República, ou não vamos ver a economia voltar a crescer.”

Ao contar que se reuniu ontem com um grupo de economistas, o ex-presidente disse que é preciso apresentar uma proposta alternativa, considerando o momento instável do país. “Temos de agir com certa anormalidade. Temos autoridade moral e política de apresentar uma proposta alternativa.” Uma proposta “contundente”, disse Lula, mas que também não seja o “tudo ou nada”.

Seja qual for a proposta, o Estado tem de ser central, ressaltou Lula. “O governo tem de ser o motor de arranque. Se não for o Estado, é ninguém. O Itaú não empresa dinheiro a longo prazo, o Bradesco não empresta dinheiro a longo prazo. Quem empresta dinheiro a longo prazo é o Estado, o banco de desenvolvimento. O Estado tem a obrigação de acionar a máquina.”

Ele afirmou ver uma discussão “um pouco invertida” nos jornais sobre seu governo, que teria cometido um equívoco ao sustentar um modelo econômico baseado no consumo. “Quero que alguém me diga qual é o empresário que vai fazer investimento se não tiver consumo? Quem vai plantar batatinha se não tiver consumo de batatinha?”, questionou o ex-presidente, reafirmando que o país precisa “conquistar o direito de ter um presidente legitimamente eleito pelo voto”.

Lula: o governo tem de ser o motor de arranque; se não for o Estado, ninguém vai impulsionar a economia (foto Roberto Parizotti)
Lula: o governo tem de ser o motor de arranque; se não for o Estado, ninguém vai impulsionar a economia (foto Roberto Parizotti)

Pito no Meirelles

Para Lula, mesmo com algum aumento da dívida pública, o Estado tem de ajudar a impulsionar a economia por meio do investimento em infraestrutura e do aumento do crédito, em vez de aplicar uma política de cortes, como o atual governo – mas observou que isso exige credibilidade, que vem do respaldo eleitoral. Ele voltou a citar a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que recentemente, diante do ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, disse que a prioridade das políticas econômicas deve ser o combate à desigualdade social. “Nossa companheira francesa deu um pito no Meirelles”, ironizou. Na sexta-feita (20), Lula havia dito em evento do PT que o FMI, comparado a Temer, é “esquerda porreta”.

O ex-presidente também observou que houve erros no governo Dilma, como a política de desonerações, muito mais ampla do que em sua gestão. Assim, uma política destinada a manter o nível de emprego e as políticas sociais acabou causando problemas. “A caixa foi ficando vazia. A gente não olhou corretamente”, comentou Lula, que participou de debate promovido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT).

Ele criticou ainda a Operação Lava Jato, não pelo combate à corrupção. “Não estamos levando a sério o que a chamada Operação Lava Jato está fazendo com a economia brasileira. Segundo várias informações, o efeito chega a 2,5% do PIB.” Vendo interesses estrangeiros em jogo, Lula afirmou que a elite brasileira ainda padece do complexo de vira-lata. “Não estou preocupado com aqueles que devem 300 reais, estou preocupando com aqueles que devem bilhões e não pagam, com o prejuízo à economia com aquela operação (Lava Jato).”

E reafirmou que seu governo conseguiu derrubar alguns tabus. “Era possível aumentar as exportações e o mercado interno. Provamos que era possível trabalhar as duas políticas. Era possível aumentar o salário mínimo e ter aumento real de salário sem aumentar a inflação. Nos meus oito anos de mandato, a inflação ficou dentro da meta estabelecida.”

“É hora de gritar”, disse o ex-presidente, pedindo aos sindicalistas que se preparem. “Não sei se vocês estão fazendo ginástica. Eu corri 10 quilômetros hoje.”

O evento promovido pela CNM-CUT em São Bernardo do Campo segue até essa quarta-feira, dia 25, com palestras de especialistas, como o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, e o jornalista Luis Nassif, e com representantes no Congresso Nacional, como o deputado federal Carlos Zarattini e o senador Lindbergh Farias, além de dirigentes da CUT Nacional também de outras categorias.

Fonte: Com informações do repórter Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual.

2017_01_24 Reunião CNM com presença do Lula.2

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