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Inflação acumulada da Campanha Salarial fecha em 1,73%

Diferente de outros períodos, inflação baixa é resultado da recessão, segundo Dieese

Fonte: Dieese Sorocaba
Fonte: Dieese Sorocaba

O IBGE divulgou no último dia 6 o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de agosto, que teve uma queda de 0,03%, registrando uma deflação.

Portanto, a inflação acumulada referente aos últimos 12 meses, do período da campanha salarial dos metalúrgicos, fechou em 1,73%. O índice está bem mais baixo do que o da campanha do ano passado, que foi de 9,62%.

De acordo com o economista do Dieese de Sorocaba, Fernando Lima, esse é o menor índice desde os anos 2000. Mas o que à primeira vista seria uma boa notícia, para ele nada mais é do que um retrato da recessão, diferente de outros períodos com inflação baixa.

“Em um cenário de economia aquecida, é possível haver inflação baixa quando a produção está em alta e o consumo também está elevado. No período entre 2005 e 2010 a inflação média era inferior a 0,5%, mas o poder de compra estava em alta e o Brasil tinha níveis de emprego muito bons. Então, o trabalhador tinha recursos e segurança para consumir, contribuindo para aquecer a indústria, o comércio e o setor de serviços”, relembra.

Fernando Lima, economista do Dieese em Sorocaba, que também é um dos autores do livro "As faces da indústria metalúrgica no Brasil: Uma contribuição à luta sindical"
Fernando Lima, economista do Dieese em Sorocaba, que também é um dos autores do livro “As faces da indústria metalúrgica no Brasil: Uma contribuição à luta sindical”

Para Fernando, a postura precipitada de empresários tende a agravar a recessão. “Pela lógica do capital, a saída é demitir para reduzir custos e aumentar a produtividade para manter os preços. Os objetivos são não perder a pouca procura que existe no mercado e manter os lucros mesmo durante a crise. A ganância e a precipitação de uma parcela grande dos empresários, que utilizam as demissões e o achatamento salarial como primeiras medidas para enfrentar a recessão, tendem a agravar ainda mais a crise.”

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba, Herivelto Vela, além do resultado econômico, este ano há uma preocupação maior com os direitos que estão garantidos pela CCT – Convenção Coletiva de Trabalho, tendo em vista que a Reforma Trabalhista poderá entrar em vigor no dia 11 de novembro.

Ao microfone, o presidente do sindicato, Herivelto Vela, durante mobilização da Campanha Salarial na Gerdau
Ao microfone, o presidente do sindicato, Herivelto Vela, durante mobilização da Campanha Salarial na Gerdau

“Esse índice da inflação parece distante da realidade. Não é o que vemos nos supermercados, nos postos de combustível. Mas, de qualquer forma, são números que os patrões vão usar para tentar atacar a nossa convenção. Tem grupos querendo tirar mais de 30 cláusulas, inclusive a que garante o emprego do portador de doença ocupacional ou vítima de acidente de trabalho. Se não houver mobilização em defesa da nossa convenção, o retrocesso será enorme”, disse vela.

Cerca de 200 mil metalúrgicos estão envolvidos nas negociações entre a FEM-CUT/SP (Federação dos Metalúrgicos da CUT no Estado de São Paulo) e as bancadas patronais.

 

Fonte: Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba.