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Paralisação na Appiani Steel cobra aumento de salário e rescisões trabalhistas

Empresa diz que está em crise profunda, mas a categoria diz que a produção está “bombando”

Trabalhadores também criticam banco de horas que empresa aplica de forma ilegal
Trabalhadores também criticam banco de horas que empresa aplica de forma ilegal

Os trabalhadores da Appiani Steel, antiga Martifer, que fabricam estruturas metálicas, fizeram uma paralisação nessa quinta-feira, dia 19, pela Campanha Salarial.

Assim como nas demais empresas, a categoria cobra um reajuste de 4% e a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho.

Outros itens também entram na pauta de reivindicações na Appiani. A empresa está há um ano e meio em recuperação judicial, não pagou rescisões trabalhistas de 180 funcionários, fez cortes de benefícios e continua não pagando direitos de funcionários que estão empregados. Mas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba, a fábrica está com boa demanda de produção.

O presidente Herivelto Vela
O presidente Herivelto Vela

Segundo o presidente do sindicato, Herivelto Vela, a empresa também está aplicando um banco de horas ilegal, pois não foi feito em acordo com a categoria.

“Quando foi pra aprovar acordo pra evitar demissões nós fizemos. E agora que a empresa está com carteira de pedidos novamente ela não quer regularizar a situação. Uma empresa que se quer dá satisfação pra dizer se vai voltar a depositar o fundo de garantia, que está atrasado desde maio de 2015. Quando que ela vai voltar a discutir cesta básica, equiparação salarial, PLR? Quando vai pagar os 180 pais de família que ela mandou embora e que estão passando muita dificuldade? Os trabalhadores não vão aceitar essa situação”, disse Vela.

 

SEM RESPOSTA

Antonio Rafael, que tenta há um ano e meio receber pagamento das rescisões
Antonio Rafael, que tenta há um ano e meio receber pagamento das rescisões

Antonio Rafael é um desses 180 trabalhadores que estão aguardando uma resposta de quando vão conseguir receber as rescisões. Ele foi demitido pela segunda vez no último dia 18, mas não recebeu os direitos trabalhistas nem da primeira demissão, um ano e meio atrás.

“Nem o salário do mês me pagaram, igual dessa vez agora. Da primeira vez meus dois anos de casa, duas férias vencidas, fundo de garantia, e nada. A empresa só me falou: Procure seus direitos. Tem 14 mil pra eu receber, fora o de agora”, disse Antonio.

Antonio também confirma que a produção na fábrica está em alta. “A produção está a mil, não para, é toda hora carreta de material entrando, carreta saindo com peça pronta. Entregamos quatro pontes esse ano, material pesado, que dá dinheiro, e agora tem essa obra da Argentina, que é um quilômetro e meio de ponte.”

Antonio, assim como os demais, está discutido a questão na Justiça, por meio de processo individual. A ação dele não está sendo movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos. O sindicato está movendo uma ação judicial coletiva para cobrar essas rescisões da empresa. Em primeira instância, a Justiça do Trabalho considerou que essa medida deve ser realizada por ações individuais. O sindicato irá recorrer dessa decisão. Também foram realizadas várias tentativas de negociação do sindicato diretamente com a empresa para fazer os pagamentos, mas a empresa não cumpriu as promessas que fez.

Segundo Antonio, houve audiência judicial entre ele e a empresa, ambos concordaram do valor, mas o pagamento acabou sendo prorrogado pela terceira vez. “Foi quinta passada, prorrogou de novo, mais 120 dias.”

Itamar Ribeiro e Jezmiel Correira também saíram da empresa este mês. Ambos têm seis anos de fábrica e não sabem se vão receber as rescisões
Itamar Ribeiro e Jezmiel Correira também saíram da empresa este mês. Ambos têm seis anos de fábrica e não sabem se vão receber as rescisões